sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Entrevista com Felipão


Entrevista Concedida ao Jornal O Povo no dia 09/02/2007
Nessa entrevista exclusiva ao Buchicho, Felipe Aragão Gurgel, o Felipão, conversou pessoalmente com a equipe do Jornal o Povo e contou sobre a base religiosa da família, onde ele ainda sonha em tocar, a famosa dancinha das mãos atrás da cabeça, o uso do chapéu e a diferença entre o Felipe e o Felipão. Vestindo uma camisa estampando a frase "Lucky man", ele fala que é, de fato, um homem de sorte.



Confira alguns trechos da entrevista:


OP - Durante o show, você não pára. Sorri, canta, dança, conversa com as pessoas. De onde vem tanta energia, tanta simpatia?

Felipão - É natural. Cabe ao artista tratar as pessoas desse jeito. Antes de tudo, eu era forrozeiro. Desde pequeno. Eu vi a galera cantar lá em cima e parecia que não tinha ninguém embaixo. Nem olhava. Eu não consigo ver uma pessoa estendendo a mão pra mim e eu não ir lá e pegar. Ela tá querendo falar comigo, não tá? Se a pessoa levanta a mão 10 vezes, eu vou lá e pego 10 vezes.

OP - O Felipão é diferente do Felipe?
Felipão - É em parte. O Felipe é 50% Felipão. O Felipão se originou porque eu saía muito com os irmãos pra forró. A gente vai pro forró pra curtir, não tá preocupado em saber como é que vai dançar. E eu queria exatamente fazer isso no palco, fazer uma coisa sem formalidade, sem regra, sem limite. Se der vontade de subir na caixa de som, sobe. Se der vontade de descer, desce. Eu fui forrozeiro...

OP - E não é mais?
Felipão - Não tá dando mais tempo, mas eu gosto muito de forró.

OP - Como surgiu a dancinha das mãos atrás da cabeça?
Felipão - Quem souber morre (risos). Quando a gente vai pro forró, se tomar uma, não sabe nem como é que dança. E eu tô ali dançando e eu tô prestando atenção a todo mundo. E eu também já tomei uma, já me melei... Mulher tem mania de dançar com as mãos pra frente e os homens começaram a pegar esse negócio. Aí, foi misturando, a mão veio pra cabeça, eu fui me esticando... Foi Deus que mandou.

OP - E o uso do chapéu?
Felipão - Ah, o chapéu é uma glória e um problema. Glória porque marcou e todo mundo agora quer o chapéu. A gente estava numa fase em que todo mundo estava tirando chapéu e botando boné. E eu continuei com o chapéu. Na época que eu era forrozeiro, era moda. Aí passou. Só que eu continuei usando porque eu gostava muito de chapéu. Eu acho que eu ia pra missa de chapéu. (risos) E hoje eu tenho vontade de tirar o chapéu.

OP - Por quê? Não é uma marca?
Felipão - Eu queria que o Felipão fosse visto também sem chapéu. De boné, de touca, de cabelo rastafari, de tudo. Não é só o chapéu. A galera diz: "Eu só quero tirar a foto se for com o chapéu". Aí, eu digo: "Pois eu vou pegar o chapéu pra você tirar a foto você e o chapéu". (risos) Ficou essa imagem. E eu não queria.

OP -Mas o Felipão sem chapéu não é outra pessoa?
Felipão - É e não é. O pessoal diz: "Cadê o chapéu?". Aí, eu: "Rapaz, eu quero saber se o chapéu canta sozinho" (risos). Eu boto pra cantar. "Vai lá, faz teu show que depois eu faço o meu". Mas eu noto que, pra ter a brincadeira, tem que ter o chapéu. Quando eu tiro o chapéu, eu fico doidinho. É uma identidade do forrozeiro, do safado... Safado no bom sentido, de namorador, de galanteador... Mas no dia-a-dia, eu não ando de chapéu.

OP - Você, além de querido pelas mulheres, é admirado pelos homens. No show, só o que se vê são homens de cavanhaque igual ao seu.
Felipão - De cavanhaque e de chapéu. Do jeito que eu fizer, os caras fazem. Se eu tirar aqui do lado, eles chegam "Pô, tu tirou, então eu vou ter que tirar também". Tem homem que leva a mulher pra tirar foto. No começo, a gente tinha uma barreira. Era só mulher na frente e os homens tudo atrás. Nos lugares onde a gente não é tão conhecido, ainda tem. Mas eu não tô ali pra olhar pra mulher de ninguém, pra dizer "eu sou o bonitão". Não. Eu tô ali pra divertir a galera e os bonitões são eles. Eu tô ali mesmo só pra fazer alegria. Falo com homem, falo com mulher e brinco. Tento passar esse carinho pras duas partes e não ter esse tipo de preconceito, de divisão.

OP - Quando você dança, rebola, levanta a blusa, as mulheres deliram. Você se acha um símbolo sexual?
Felipão - Esse lado foi muito formado a partir do personagem. Eu não sei. É uma parte do Felipão. Tem esse lado.

OP - Do Felipão ou do Felipe?
Felipão - Ah, do Felipão. O Felipe teve esse lado também, mas hoje não tem mais, não.

OP - E como é isso de mexer com a fantasia das mulheres?
Felipão - Eu não faço nada programado. Eu chego lá e faço o show pra agradar e brincar. Mais do que esse lado de símbolo, tem a questão do carisma. As pessoas dizem: "Tu deve ser legal demais, tu deve chegar no meio de todo mundo e começa a conversar e contar piada". Eu não sou muito assim, não. Eu sou mais calado. Isso depende. É momento.

OP - Você já recebeu alguma proposta pra posar nu?
Felipão - Não.

OP - E, se recebesse, aceitaria?
Felipão - Eu faria se fosse por dinheiro. Mas, graças a Deus, dinheiro não muda nem tem mudado minha cabeça. Se eu, um dia, tivesse assim "rapaz, eu não tenho mais o que fazer na vida, tô lascado, quebrado, eu vou posar nu senão me lasco". Aí, seria numa situação de sobrevivência. Graças a Deus, eu não tô rico, não, mas esse não é o caso nem é o tipo de trabalho que a gente tenta mostrar.

OP - O Felipe é casado?
Felipão - (Ele sorri e se encabula) Sou.

OP - Já ficou com alguma fã?
Felipão - Eu acho que já.

OP - "Eu acho que já"? Não lembra?
Felipão - Fã... Isso existe quando o cara é muito famoso, mas não tem uma história assim... É uma coisa normal.
OP - O que você faz com os objetos que ganha nos shows?
Felipão - Eu guardo. Dou uma olhada, leio. Tem carta, quadro, caixa de chocolate, camisa, boné...

OP - Tem calcinha?
Felipão - Tem calcinha, sim. Tem mulher que tira mesmo, na hora do show.
OP - Sério?
Felipão - Serissimamente. Neste fim de semana teve uma que tirou na hora do show. Na dança, terminam tirando mesmo e jogam.
OP - Tem cueca?
Felipão - Não, chegou ainda não. Ah, já me deram de presentinho. Aí eu termino usando.

OP - Você usa?
Felipão - Aí eu uso. Deu em mim, acabou-se.

OP - Como é seu tempo livre atualmente?
Felipão - Meu tempo livre tá sendo assim agora. É esse aqui, é reunião, conversa.


OP - Você se considera um homem de sorte?
Felipão - Não existe sorte, não. Sorte é a mistura da preparação com a oportunidade. É você estar preparado na oportunidade certa. No lugar certo, na hora certa. Eu nunca ganhei nem um frango numa rifa. Nunca, nunca, ganhei nada na minha vida. Oportunidade tem pra todo mundo. Mas não é todo mundo que tá preparado.

Nenhum comentário: